Hoje em dia existem muitas dúvidas a cerca do consumo de leite, por isso vamos mostrar algumas perguntas que a nutricionista, Patrícia Davidson Haiat respondeu sobre o consumo de leite, que podem ajudar a discernir sobre incluí-lo ou excluí-lo da sua alimentação.
Qual é a sua opinião a respeito deste alimento? Quais são suas vantagens nutricionais? E desvantagens, se houver?
O leite é um alimento que apesar de muito recomendado, não é essencial. Apesar de possuir grande quantidade de cálcio em sua composição, esse cálcio não é tão disponível para a absorção, isto é, o organismo não aproveita da melhor forma, ao contrário do cálcio encontrado nas folhas verdes como a couve que tem ótima disponibilidade.
Devido a este baixo aproveitamento o cálcio dos produtos lácteos, estes não ajudam na manutenção da massa óssea, pelo contrário, o excesso do seu consumo pode promover a calcificação de estruturas diferentes dos ossos como articulações, artérias ou rins, e ainda favorecer a perda de massa óssea. Os alimentos lácteos possuemalta quantidade de cálcio e baixa em magnésio, e justamente o equilíbrio destes dois nutrientes é uma das premissas para garantir a manutenção da massa óssea. Alem do mais, os produtos lácteos por serem também muito ricos em proteína provocam acidificação do sangue, o que estimula a perda de cálcio pela urina.
Os laticínios em geral possuem proteínas de difícil digestão, e quando mal digeridas podem favorecer reações orgânicas de desequilíbrio que variam de pessoa para pessoa, mas podem se manifestar como: enxaquecas crônicas, gastrite, sinusites de repetição, otite, intestino preso, entre outras coisas. .
Além disso, a grande maioria da população tem intolerância ao açúcar presente no leite, a lactose, que como não vai ser digerida corretamente vai provocar desconforto intestinal, gases e diarréia.
Pesquisas atuais mostram que o consumo de leite está relacionado a diversos tipos de câncer, entre eles no câncer de mama tão comum nos dias de hoje, visto que possui uma proteína que é um fator de crescimento e como tal pode favorecer o crescimento de células boas ou más. O consumo de lácteos também vem sendo relacionado a obesidade, diabetes, ganho de gordura abdominal e síndrome metabólica porque estimula muito a liberação de insulina, hormônio que quando produzido em excesso favorece os desequilíbrios mencionados acima.
Então, o ideal é que dentro de uma alimentação saudável e variada, o consumo desse tipo de alimento não seja frequente.
Vale a pena consumi-lo durante toda a vida? Ou o leite só é benéfico na infância? Ou nem na infância (exceto o leite materno), se considerarmos que a proteína dele é uma das principais causas de alergia alimentar?
Na verdade, o único leite que deveríamos consumir é o leite materno que foi feito para atender as nossas primeiras necessidades fisiológicas. O leite de vaca não é benéfico em nenhuma fase da vida e passa a ser mais prejudicial com o avançar da idade, onde tem-se maiores dificuldades digestivas.
O número de crianças alérgicas a proteína do leite tem aumentado a cada dia, mostrando que o organismo está cada vez mais intoletante. Na criança sintomas de alergia ao leite de vaca podem se manifestar com descamação da pele, excesso de cólicas, irritabilidade, bolinhas na pele, fezes com sangue, intestino preso ou solto demais, sintomas de infecções recorrentes, bronquite, asma, rinite e outros problemas respiratórios.
Atenção também deve ser dada para a criança que é amamentada somente ao seio. Nada impede que ela também desenvolva alergia ao leite de vaca, pois ela pode se sensibilizar com a proteína do leite de vaca/laticínios consumidos pela mãe. Nestas situações precisamos ajustar a dieta materna a fim de excluir este tipo de alimentos da sua dieta.
O leite é realmente a melhor fonte de cálcio e portanto previne osteoporose?
Não. A maioria das pessoas foi levada a crer que o leite de vaca é necessário para o bom desenvolvimento dos ossos. Acabamos pensando que jamais devemos ser desmamados, que devemos continuar a beber leite de vaca pelo resto da vida. Os animais, porém, só tomam o leite de suas mães durante o começo da vida e depois passam a suprir suas necessidades com aquilo que comem.
O leite é sim fonte de cálcio, isto é, apresenta muito cálcio em sua composição, cerca de 300mg em um copo grande, mas essa quantidade é pouco absorvida pelo organismo. Além disso, para a manutenção de uma boa saúde óssea são necessários outros minerais como magnésio e vitaminas como a vitaminas B6 e K. A melhor escolha é dar prioridade ao consumo de folhas verdes escuras, como a couve que além do cálcio com boa disponibilidade de absorção ainda possui o magnésio, B6 e a K.
Outra questão relevante na manutenção ou incorporação do cálcio nos ossos é a quantidade de vitamina D, obtida pela exposição solar diária em horário não prejudicial. Hoje verificamos uma inadequação muito grande nos níveis de vitamina D, o que também é um fator de risco para o desenvolvimento da osteoporose.
Logo na primeira parte falei também da acidificação do organismo e da perda de cálcio a partir disto.
Para a prevenção e mesmo para o tratamento da osteoporose, tão importante como boas fontes de cálcio é a diminuição dos fatores que diminuem a absorção dessa cálcio e dos outros minerais e vitaminas necessários, como caféina, álcool, aditivos químicos e excesso de: açúcar, sal, gordura, proteína e fosfatos presentes nos refrigerantes.
Há quem diga que o cálcio e a proteína do leite competem entre si, um dificultando a absorção do outro. Isso tem fundamento?
Na verdade, o excesso no consumo de proteína aumenta a excreção urinária do cálcio, pois promove acidificação do organismo (podemos checar isso através da avaliação do ph da urina). Quanto mais ácido o organismo fica, mais ele precisa neutralizar esta acidez, lançando mão de alguns nutrientes alcalinizantes como cálcio e manganésio provenientes da massa óssea, nossa maior reserva.
É verdade que grande parte da população não está preparada para digeri-lo? Saberia dizer a porcentagem?
Cerca de 30 a 50 milhões de americanos são intolerantes e algumas etnias são mais afetadas que outras. Mais de 80% dos afro-americanos, 80 a 100% dos indio-americanos e 90 a 100% dos asiático-americanos são intolerantes à lactose. Esta condição é menos comum nos descendentes do norte da Europa. Já no Brasil, cerca de 25% dos brasileiros sofrem com este problema. E com o passar da idade, a intolerância vai aumentando.Acredita-se hoje que ser tolerante a lactose é uma regra e não mais uma exceção.
Favorece o sono ou o leitinho antes de dormir tem mais efeito psicológico?
Realmente o leite induz ao sono, porque contém o aminoácido triptofano, que relaxa os músculos e induz o sono, mas por essa dificuldade de digestibilidade o resultado final pode ser a formação de gases e outras desordens gastroinestinais na maioria das pessoas. Além do mais o triptofano está presente em outros alimentos, o leite não é a única fonte.
Dê preferência a chás calmantes como camomila ou erva cidreira que além de induzir ao sono ainda ajudam na digestão do jantar, o que também vai favorecer uma noite de sono tranquila.
Ajuda a emagrecer ou estimula o ganho de peso?
Alguns estudos mostram que o cálcio pode até ajudar a emagrecer, mas como já foi comentado o leite não pode ser visto como uma fonte disponível desse mineral.
Já um estudo recente publicado pela revista Obesity, realizado com 28 pessoas, onde por um período elas consumiam 1 porção de lácteos e em outro 3 porções mostrou que nos períodos de maior consumo, os participantes consumiam 209 Kcal/dia a mais do que nos de menor consumo. Esses dados indicam que o aumento no consumo de laticínios pode levar ao aumento da ingestão energética e ao consequente ganho de peso.
Alem do mais como dito acima os alimentos lácteos possuem um fator insulinêmico muito alto, ou seja, estimulam o pâncreas a liberar grandes quantidades de insulina , envolvidos no ganho de gordura sobretudo abdominal.
Em síntese, você aconselha ou não o consumo deste alimento? Em que circunstâncias e em quantidades?
Não aconselho o consumo de laticínios em geral. Se for indispensável, faça com que esse consumo não seja frequente, isto é, diário. O ideal seria incluir somente 1 a 2 porções semanais. Além disso, mescle os laticínios de vaca com os de búfala e cabra, isso vai ajudar o organismo a não reconhecer a proteína do leite de vaca como algo estranho e os prejuízos não serão tão fortes. O alimento em si não traria tantos prejuízos se o seu consumo não tivesse sido tão exagerado ao longo da vida, mas a grande verdade é que a maior parte das pessoas depois de desmamar do leite materno consumiu e ainda consome muitos produtos
Fonte: http://www.frangocombatatadoce.com/2014/09/01/leite-sim-ou-nao/
Em adicional, uma excelente palestra do Dr. Lair Ribeiro
https://www.youtube.com/watch?v=L8lJ2d1DQvw
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