Conheça alguns aditivos químicos encontrados em vários alimentos industrializados comuns do nosso dia a dia.
REFRIGERANTE – Água, gás carbônico e cor.
COMPOSIÇÃO: água gaseificada, açúcar, suco natural de laranja 10%, acidulante INS 330, conservante INS 211, estabilizantes INS 444 e INS 480, aroma sintético idêntico ao natural, corante artificial INS 110 (amarelo-crepúsculo), antioxidante INS 300.
Água gaseificada
Para que o refri tenha as famosas bolhas, água a gás carbônico são combinados no carbonizador – um aparelho que comprime e dissolve o CO2 na água. O resultado é um ácido líquido, o ácido carbônico, ou água gaseificada. Já dentro da embalagem, os refrigerantes recebem uma dose extra de gás carbônico para conservar a bebida. Quando você abre a garrafa, ele foge imediatamente.
Acidulante INS 330
A sigla INS vem de International Number System, o sistema numérico padrão para aditivos químicos. O 330 é o velho ácido cítrico. Ele deixa a bebida mais ácida, reduz os micróbios presentes ali e também é responsável pela sensação refrescante do refrigerante. O ácido cítrico é produzido por um fungo, o Aspergillus niger, durante a fermentação do melado de cana-de-açúcar.
Estabilizantes INS 444 e 480
Servem para que o refrigerante não separe a água dos óleos essenciais durante o prazo de validade, mantendo o gosto da bebida. Sem eles, a Fanta teria tudo, menos gosto de laranja. Bebidas energéticas e sucos também agradecem: com esses dois aditivos, cada gole é igual ao outro.
Corante artificial INS 110
Sintetizado a partir da tinta de alcatrão, o corante amarelo-crepúsculo está em quase tudo que é cor de laranja, como balas, cereais, xaropes. Pessoas com asma ou hipersensibilidade à aspirina podem ter reações adversas, como rinite – por isso, o INS 110 foi proibido na Finlândia e na Noruega.
Antioxidante INS 300
Um nome difícil para o ácido ascórbico, também conhecido como vitamina C. Serve para evitar que a bebida sofra oxidação e o aroma permaneça igual.
SALSICHA – Tem besouros em pó, fumaça em pó e até carne.
COMPOSIÇÃO: carne mecanicamente separada de ave, pele e miúdos suínos (fígado, rins, coração), carne suína, gordura de ave, água, proteína texturizada de soja, amido (máx. 2%), sal, açúcar, alho. Estabilizante tripolifosfato de sódio, aroma de fumaça, glutamato monossódico, conservante nitrito de sódio, antioxidante eritorbato de sódio, corantes urucum e carmim de cochonilha.
Carne mecanicamente separada
No início, é o frango. Depois que a desossa manual tira o peito, a coxa e a sobrecoxa, o que sobrou vai para a prensagem mecânica. Ali é extraída a carne dentre os ossos, que sai da peneira em forma de pasta. Sem esse processo, boa parte da carne iria para o lixo. É nojento – e mais barato.
Pele e miúdos suínos
Se só tivesse carne, a salsicha seria dura e cara. A pele de porco cozida é fonte de proteína de gordura e de colágeno (uma gelatina que deixa a mistura macia). O coração dá cor à massa, já que é rico em mioglobina (o pigmento vermelho da carne). Já os outros componentes (fígado e rins) não têm função certa: servem mesmo para encher lingüiça, ou melhor, salsicha.
Água, proteína de soja e amido
Uma invenção brasileira. Para substituir parte da gordura, as indústrias nacionais usam água. Para reter essa água, é preciso adicionar proteína de soja e amido (fécula de mandioca). Essa soma reduz a quantidade de gordura – enquanto as salsichas estrangeiras têm até 30% de gordura, as nacionais levam de 20% a 22%.
Tripolifosfato de sódio
Coadjuvante do sal, ajuda a manter a gordura misturada à massa. A salsicha poderia passar sem o tripolifosfato: ele é prescindível do ponto de vista tecnológico e tem muito sódio – um problema para hipertensos. Por isso, é evitado na Alemanha e na Suíça.
Aroma de fumaça
É como comer fumaça em pó. A fábrica destila a fumaça na água, filtra as impurezas e seca a solução. O pó restante é acrescentado à massa, dando aquele sabor de defumado à lingüiça.
Corante de urucum
Usado como maquiagem por índios brasileiros, o urucum dá a cor da capa da salsicha. O Brasil usa urucum na salsicha porque, aqui, ela só vende se for colorida. Mas a lei proíbe urucum na parte interna – que poderia mascarar uma possível falta de carne.
Carmim de cochonilha (INS 120)
Parece piada, mas esse corante é extraído da fêmea do Dactylopius coccus, um inseto que não mede mais de 5 milímetros. Secado ao sol e depois triturado, o besouro vira um corante vermelho usado em iogurtes, sorvetes, recheios de bolachas. O problema é juntar tantos insetos: para cada quilo do pigmento, vão 150 000 bichos!
KATCHUP – Ele é mais natural do que você imagina.
COMPOSIÇÃO: polpa de tomate, vinagre, sal, espessantes (goma xantana e pectina) açúcar, conservantes (ácido sórbico e cloreto de cálcio).
Goma xantana
Trata-se de meleca de bactérias. Esse carboidrato gelatinoso vem das bactérias Xanthomonas, uma praga que ataca verduras e a cana-de-açúcar, vivendo de sacarose. Na indústria, elas são criadas para virar uma gosma, que dá consistência a sucos, sorvetes, xaropes, cremes dentais. Também é usada em tintas de parede e até para lubrificar brocas de perfuração de petróleo.
Ácido sórbico
Sem ele, o ketchup ficaria com uma camada branca ou cinza em poucos dias. O ácido sórbico evita que apareçam bolores e leveduras em alimentos ácidos, como refrigerantes, iogurtes e maionese. Extraído da tramazeira, uma árvore que dá frutinhos vermelhos, é um dos conservantes mais eficientes e menos tóxicos que existem – faz menos mal que o sal de cozinha ou o vinagre.
Cloreto de cálcio
Esconde do sabor a acidez do ketchup – mas não a elimina, já que a acidez inibe microorganismos. O cloreto de cálcio une os ingredientes, evitando que a água se separe da mistura. Fora da cozinha, aparece no extintor de incêndio e até em misturas de concreto, para reduzir o tempo de endurecimento do cimento. Na concentração usada em alimentos, não faz mal à saúde.
Pectina
Sabe aquela casca branca da laranja? Ela é cheia do polissacarídeo pectina, o principal componente da parede celular dos vegetais. Da casca da laranja e dos resíduos da polpa da maçã, se extrai o suco de pectina. Quando está em meios ácidos e doces, como o ketchup, esse suco deixa a massa cremosa, ajudando a goma xantana a tornar o resultado mais consistente.
FONTES: http://super.abril.com.br/ciencia/contem-besouros-plastico-cimento-fungos-bacterias-bombas-446937.shtml
Pedro Eduardo de Felício, professor da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Unicamp (salsicha); Carmen Silvia Fávaro Trindade, professora de Engenharia de Alimentos da USP (refrigerante e ketchup); empresa Unilever do Brasil (ketchup); Associação Brasileira de Cosmetologia (xampu e creme de barbear); Marcelo Guimarães, professor de farmacotécnica e cosmetologia da Universidade Mackenzie e da Faculdade de Medicina da Fundação do ABC; e Mônica Camargo, pesquisadora do Centro de Química e Nutrição Aplicada (Ital).